Conto infantil contemporâneo




A mãe de Joãozinho deu-lhe uma nota de 5 reais e pediu que ele fosse à padaria comprar 8 pães. A mãe avisou ao filho que o troco seria de 3 reais. Acrescentou que Joãozinho não gastasse o troco comprando coisa alguma.

E Joãozinho foi. Ia pela calçada, prestando muita atenção a todos a sua volta. Era a primeira vez que sua mãe lhe confiava tal tarefa; ele não podia errar. Ele não queria errar!

Atravessou a rua na faixa, como sua mãe lhe ensinara. Cumprimentou o dono da venda da esquina e seguiu por mais alguns metros. Quando chegou à padaria, Joãozinho pediu ao atendente 8 pães. Enquanto executava sua tarefa, o atendente conversava com um cliente que tomava café. Ambos estavam em uma conversa animada sobre uma reportagem que passava na TV naquele instante. Um homem conseguiu entrar armado em um banco, fez alguns reféns trancando-os numa sala, esvaziou os caixas e ainda teve acesso aos cofres esvaziando alguns. Os homens estavam perplexos porque o assaltante fizera tudo sozinho, aparentemente sem ajuda de ninguém, e ainda saiu com uma alta quantia escapando da polícia. 

Joãozinho olhou para a TV e tentou escutar algo, mas era impossível dado ao volume da conversa. Viu apenas a imagem do chefe da polícia dando uma entrevista enquanto letrinhas muito pequenas corriam debaixo dele.

O atendente entregou o pacote a Joãozinho que aguardou o troco. Sem prestar muita atenção, o atendente pegou uma nota de 5 reais, uma de 2 e uma moeda de 1 real. Entregou ao menino que recebeu e guardou no bolso como sua mãe mandou.

Ao chegar em casa, Joãozinho entregou à sua mãe o pacote com os pães, enfiou a mão no bolso, retirou o dinheiro e estendeu à sua mãe. Quando a mulher contou o dinheiro, exclamou: "Nossa! O troco está errado! Tem 5 reais a mais!" Ao que Joãozinho, preocupado, perguntou: "A culpa é minha, mamãe?" Não, meu filho. Não foi você que errou - respondeu a mãe. E o menino, ainda preocupado, mais uma vez, perguntou: "Quer que eu vá à padaria de novo, mamãe?" E a mãe respondeu: "Não, meu filho. Não tem problema. É um valor pequeno. Você não roubou um banco!" E conclui com uma risada. 

Moral da história imoral: você não é um ladrão se rouba só um pouco.



Texto inicialmente publicado como nota em minha página do Facebook em 22 de novembro de 2017.

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