Olá, amigos!
(Se é que, nessa altura do campeonato, alguém ainda me lê...)
Hoje falarei brevemente sobre meu projeto de leitura deste ano, os motivos que me levaram a criá-lo e tudo de bom que aconteceu e tem acontecido desde que comecei.
Antes de mais nada quero dizer que, mesmo antes de inventar de fazer faculdade de Literaturas, já amava ler desde a infância. Na escola municipal onde fiz o antigo primário, os alunos podiam pegar livros emprestados sempre que quisessem. Sempre aproveitei e, na época, meus favoritos eram os quadrinhos. Passei destes às novelas, revistas que traziam imagens em quadros preto e branco de artistas com balões de diálogo, como nos quadrinhos. Em seguida passei aos romances de bancas de jornais na adolescência, em sua maioria emprestados por uma vizinha que me incentivou a lê-los.
No ensino médio, comecei a ler os clássicos da literatura. O primeiro deles foi Memórias Póstumas de Brás Cubas. A ironia de Machado e a forma de dialogar com o leitor fizeram com que eu me apaixonasse de vez. Durante a faculdade, continuei lendo os clássicos, mas, anos antes, minha paixão por leitura havia aumentado consideravelmente por causa de Harry Potter. Até hoje sou viciada na saga do bruxo conhecido por ser “o menino que sobreviveu”.
No entanto, quanto mais a carga de horário no trabalho aumentava, menos eu lia. Até que passei quase um ano inteiro sem ler livro algum. Por conta das horas de preparação de trabalhos para a licenciatura, o estágio e o trabalho numa escola particular, deixei de fazer algo que era essencial para mim.
Nos anos seguintes, li em média três livros por ano. Muito para a média nacional, pouco para mim. As responsabilidades demandam mais tempo e mais energia de cada um de nós. Atividades que antes fazíamos rotineiramente deixam de ser prioridade. Apesar de jurar que nunca faria, passei muito tempo sem ler. Mas não deixei de consumir. Continuei comprando livros. A velocidade em os comprava era bem superior a velocidade em que os lia. Entretanto, neste ano, dei um basta nesta situação.
Como proposta de fim de ano em dezembro de 2016, decidi escrever um texto por semana, publicando como nota no Facebook e em seguida em meu blog. Eventualmente escrevo sobre algum livro. Já citei alguns aqui: As Piores Decisões da História e as Pessoas que as Tomaram, Poemas e Ensaios de Edgar Allan Poe e O Homem Mais Inteligente da História de Augusto Cury.
O projeto consiste em anotar os nomes dos livros que ainda não li, dobrar os papéis e colocá-los numa xícara, na minha XÍCARA DE CAFÉ COM LEITURA. Sortear um livro e ler, sem prazo, tentando apenas limitar-me a um mês (passei disto com alguns livros...rs). Depois de concluída a leitura, fazer um novo sorteio e assim sucessivamente até ter lido todos os livros de minha xícara. Neste momento, estou no início da leitura do livro O Ano da Morte de Ricardo Reis de José Saramago, sétimo livro do ano.
Mas aí você pode perguntar: “E por que sortear ao invés de escolher? Se os livros são seus, você poder ler quando e na ordem que quiser!” Sim e não. O que estava acontecendo é que, apesar de interessar-me por livros variados, estava lendo sempre os mesmos autores! Por vezes reli diversos livros antes de ler os novos, comprados e ainda embalados! Por isso, para por em dia a leitura, decidi separar livros de autores diferentes e sorteá-los. Tem dado certo.
Como resultado desse projeto, tenho mantido minha mente ativa e produtiva. Se produzo textos bons ou ruins, o fato é que tenho escrito! Além disso, assunto para conversar e escrever não tem faltado. Outra coisa boa é a influência que exerço nos alunos da escola onde trabalho. Tenho visto alunos interessados compartilharem comigo as histórias que têm lido. O fato de me ver sempre tentando ler, com um livro nas mãos, faz com que alguns se interessem pelo que estou lendo. Eles acompanham minha leitura fazendo perguntas: a quanto tempo estou lendo esse livro, sobre o que é o livro, se estou gostando da leitura... Querem pegar, folhear, ler um pedaço, pedem que eu leia trechos da página em que estou... Isso é magnífico!
Hoje cedo, uma aluna do 9° ano devolveu-me um livro que havia lhe emprestado na sexta-feira; O Diário de Anne Frank. Ela disse que o leu em um dia. Não fico espantada. Também fazia isso na idade dela. Outro aluno, esse do 7° ano, parou para falar comigo sobre o livro em sua mão, O Guarani de José de Alencar. Com os olhos brilhando falou-me dos protagonistas terem de enfrentar um leão. “Não sei o que vai acontecer. Quero ler logo para descobrir se vão morrer ou viver”, disse o garoto. “Depois você me conta”, disse ao aluno.
E assim vou caminhando. De uma história à outra, cidadã da República das Palavras! Despertada por elas e despertando outros ao seu encantamento. Encantada com os mundos que se revelam em cada página.
Até a próxima semana!
Texto inicialmente publicado como nota em minha página do Facebook em 25 de setembro de 2017.