Meu projeto de leitura 2017



Olá, amigos! 

(Se é que, nessa altura do campeonato, alguém ainda me lê...)

Hoje falarei brevemente sobre meu projeto de leitura deste ano, os motivos que me levaram a criá-lo e tudo de bom que aconteceu e tem acontecido desde que comecei.

Antes de mais nada quero dizer que, mesmo antes de inventar de fazer faculdade de Literaturas, já amava ler desde a infância. Na escola municipal onde fiz o antigo primário, os alunos podiam pegar livros emprestados sempre que quisessem. Sempre aproveitei e, na época, meus favoritos eram os quadrinhos. Passei destes às novelas, revistas que traziam imagens em quadros preto e branco de artistas com balões de diálogo, como nos quadrinhos. Em seguida passei aos romances de bancas de jornais na adolescência, em sua maioria emprestados por uma vizinha que me incentivou a lê-los. 

No ensino médio, comecei a ler os clássicos da literatura. O primeiro deles foi Memórias Póstumas de Brás Cubas. A ironia de Machado e a forma de dialogar com o leitor fizeram com que eu me apaixonasse de vez. Durante a faculdade, continuei lendo os clássicos, mas, anos antes, minha paixão por leitura havia aumentado consideravelmente por causa de Harry Potter. Até hoje sou viciada na saga do bruxo conhecido por ser “o menino que sobreviveu”.

No entanto, quanto mais a carga de horário no trabalho aumentava, menos eu lia. Até que passei quase um ano inteiro sem ler livro algum. Por conta das horas de preparação de trabalhos para a licenciatura, o estágio e o trabalho numa escola particular, deixei de fazer algo que era essencial para mim. 

Nos anos seguintes, li em média três livros por ano. Muito para a média nacional, pouco para mim. As responsabilidades demandam mais tempo e mais energia de cada um de nós. Atividades que antes fazíamos rotineiramente deixam de ser prioridade. Apesar de jurar que nunca faria, passei muito tempo sem ler. Mas não deixei de consumir. Continuei comprando livros. A velocidade em os comprava era bem superior a velocidade em que os lia. Entretanto, neste ano, dei um basta nesta situação.

Como proposta de fim de ano em dezembro de 2016, decidi escrever um texto por semana, publicando como nota no Facebook e em seguida em meu blog. Eventualmente escrevo sobre algum livro. Já citei alguns aqui: As Piores Decisões da História e as Pessoas que as Tomaram, Poemas e Ensaios de Edgar Allan Poe e O Homem Mais Inteligente da História de Augusto Cury. 

O projeto consiste em anotar os nomes dos livros que ainda não li, dobrar os papéis e colocá-los numa xícara, na minha XÍCARA DE CAFÉ COM LEITURA. Sortear um livro e ler, sem prazo, tentando apenas limitar-me a um mês (passei disto com alguns livros...rs). Depois de concluída a leitura, fazer um novo sorteio e assim sucessivamente até ter lido todos os livros de minha xícara. Neste momento, estou no início da leitura do livro O Ano da Morte de Ricardo Reis de José Saramago, sétimo livro do ano. 

Mas aí você pode perguntar: “E por que sortear ao invés de escolher? Se os livros são seus, você poder ler quando e na ordem que quiser!” Sim e não. O que estava acontecendo é que, apesar de interessar-me por livros variados, estava lendo sempre os mesmos autores! Por vezes reli diversos livros antes de ler os novos, comprados e ainda embalados! Por isso, para por em dia a leitura, decidi separar livros de autores diferentes e sorteá-los. Tem dado certo. 

Como resultado desse projeto, tenho mantido minha mente ativa e produtiva. Se produzo textos bons ou ruins, o fato é que tenho escrito! Além disso, assunto para conversar e escrever não tem faltado. Outra coisa boa é a influência que exerço nos alunos da escola onde trabalho. Tenho visto alunos interessados compartilharem comigo as histórias que têm lido. O fato de me ver sempre tentando ler, com um livro nas mãos, faz com que alguns se interessem pelo que estou lendo. Eles acompanham minha leitura fazendo perguntas: a quanto tempo estou lendo esse livro, sobre o que é o livro, se estou gostando da leitura... Querem pegar, folhear, ler um pedaço, pedem que eu leia trechos da página em que estou... Isso é magnífico!

Hoje cedo, uma aluna do 9° ano devolveu-me um livro que havia lhe emprestado na sexta-feira; O Diário de Anne Frank. Ela disse que o leu em um dia. Não fico espantada. Também fazia isso na idade dela. Outro aluno, esse do 7° ano, parou para falar comigo sobre o livro em sua mão, O Guarani de José de Alencar. Com os olhos brilhando falou-me dos protagonistas terem de enfrentar um leão. “Não sei o que vai acontecer. Quero ler logo para descobrir se vão morrer ou viver”, disse o garoto. “Depois você me conta”, disse ao aluno. 

E assim vou caminhando. De uma história à outra, cidadã da República das Palavras! Despertada por elas e despertando outros ao seu encantamento. Encantada com os mundos que se revelam em cada página. 

Até a próxima semana!


Texto inicialmente publicado como nota em minha página do Facebook em 25 de setembro de 2017.

Filmes de terror




Olá, para você que parou um pouquinho para ler isso!

Resolvi falar hoje de uma de minhas paixões, o cinema. Mais especificamente de filmes de terror. Isso porque assisti ontem ao recente It: A coisa, sobre o qual tecerei alguns comentários adiante.

Para entender melhor minha relação com este gênero, preciso voltar no tempo, mais de vinte anos atrás. Quando era criança, tínhamos uma TV de tela preta e branca na sala de nossa pequena e humilde casa. Meu pai passava o dia fora trabalhando e nós, meu irmão e eu, assistíamos desenho e programas infantis durante as tardes de segunda a sexta. Mas nos fins de semana, a TV era do papai. Ele assistia a programas de sua preferência e, para ficar perto dele, assistíamos também. Exceto filmes de terror. 

Meu pai não gostava de filmes assim, mas mudava muito de canal (ainda faz isso!) e foi o suficiente para termos nosso primeiro contato com filmes de terror. Certa vez, ele deixou em um canal que exibia um filme sobre vampiros. Não lembro o nome do filme. Só lembro que papai nos proibiu de assisti-lo. Ele dizia que se assistíssemos filmes assim não dormiríamos à noite. Acontece que, como crianças normais que éramos (desobedientes até certo ponto, rs), ficamos escondidos assistindo a um trecho do filme. Incrível! Mesmo sem cor, o medo genuíno da vítima, o terror em seus olhos e gritos acordou-nos para os filmes de monstros, fantasmas e demais assombrações. Pronto! O estrago estava feito!

Voltando desta viagem ao passado, passei a assistir, sempre que posso aos filmes de terror. Os que eu mais gosto são os que tratam de exorcismos. Principalmente quando em sua abertura surge a informação “Baseado em fatos reais”! Ai, meu amigo, é correr para o abraço!(ou de medo, se preferir). 

Alguns dos que eu gosto são: O iluminado, O exorcismo, O exorcismo de Emily Rose, Poltergeist, O ritual, A profecia, Arraste-me para o inferno, A entidade, Invocação do Mal, Sobrenatural Horror em Amityville e Possessão. Posso ter esquecido algum, no momento, mas basicamente são esses. Se eu recomendo algum deles? Claro! Recomendo todos! Prefiro esses aos filmes de terror trash como Jogos Mortais. Cada um tem um gosto. 

Falando nisso, lembrei-me que prometi falar de It. Gostei do filme. Em resumo. Mas, na minha humilde opinião, o marketing prometeu muito mais. O filme é, sem dúvida melhor do que seu antecessor, de 1990. A primeira vez que assisti a It: Uma obra prima do medo quase tive um treco! Fiquei com medo, não vou negar. Isso até completar alguns aniversários. Ao assistir novamente, não só não tive medo, como dormi, tão chato que achei o filme! Este último em cartaz nos cinemas, It: A coisa, é bom; garante uns sustos, umas risadas (para quebrar um pouco o clima de medo), mas exagera no humor. Filmes de terror com crianças são assustadores. Com palhaços então! Entretanto, não é o caso deste. Só o que posso dizer é bom. 

O filme levanta ainda questões como o valor da amizade, a luta contra o medo e a vitória sobre este.  São cenas bastante claras, coloridas, leves e belas contrastando com as de terror: escuras, sombrias. Não li o livro de Stephen King (é gigantesco, nem sei se conseguirei ler!), assim, vale a ida ao cinema para conferir o enredo e o trabalho dos desconhecidos jovens atores em tela. 

Pretendo, em breve, assistir a outros títulos; o próximo será Annabelle 2, para desapontamento do meu pai. Ele costuma dizer assim: “Não sei como vocês têm coragem de gastar dinheiro para ver isso no cinema!” Fazer o quê?!? Paciência! Quem mandou não escolher um canal só para assistir em nossa infância! Repito: o estrago está feito!

Até mais! 


P.S.¹: É melhor assistir aos filmes de terror de madrugada. Muito mais sinistro!
P.S.²: Se você acordar às 3:15, cubra-se até o pescoço e não se levante da cama.
P.S.³: Evite espelhos e poças d’água, principalmente se você for uma menininha loira (ou pseudo-loira, rsrs) em frente à TV.

E lembre-se, não adianta gritar. Seja lá o que for que quer te pegar,você não vai espantar com gritos. O primeiro a enfrentar o perigo sempre morre. Pessoas negras e obesas também não têm um destino muito bom... Correr nem sempre garante a sobrevivência... No mais, torça muito para ser aquele ou aquela que sobrevive ensanguentado e ferrado no final. 

Se você também curte filmes de terror, comente aí. Aceito recomendações de filmes para assistir! :D


Texto inicialmente publicado como nota em minha página do Facebook em 19 de setembro de 2017.

Sobre a Bienal do livro 2017




Desde que comecei a ir à bienal como aluna até hoje, professora formada, nunca deixei de comparecer ao evento. Isso se deve primeiramente ao amor que tenho por livros. Tenho ciúme dos meus livros. MUITO! Não sei, é como se estivessem desamparados se não estão comigo... coisa besta de pensar! Enfim, tenho ciúme mesmo! E daí?!?

Outro motivo que ma faz ficar louca com este evento é o cheiro de livro novo. Até leio livros digitais, mas o cheirinho do livro ao ser aberto pela primeira vez... Nem tenho palavras para dizer como gosto disso!

O terceiro motivo é a área na qual escolhi atuar. Alguém de Literaturas não pode ficar de fora deste evento. Ainda que este seja um evento comercial, é preciso garimpar e encontrar entre a produção para todos aquela que nos seduz, que nos faz perder o sono ao folhear suas páginas. Sem contar que os profissionais da educação são eternos alunos das áreas humanas de conhecimento.

E com estes objetivos em mente é que fui à Bienal no último feriado. Na edição anterior, apesar de comprar meus exemplares ligados à Literatura e História, senti que o evento estava voltado para o público mais infanto-juvenil, crianças e adolescentes. Neste último senti o evento mais democrático que o anterior: todas as idades representadas por autores, suas obras e eventos. Várias atividades programadas para todas as idades. Autógrafo, bate-papo, jogos, brincadeiras, leituras, café literário, etc. Sem contar que os estandes estavam magníficos! Uma verdadeira festa para os olhos!

No entanto, ouvi algumas reclamações. Sobre a distribuição de senhas, muitas pessoas não ficaram sabendo da maneira de consegui-las. Inclusive desistiram da compra do livro por causa disso. Alguém comprou um livros e, depois de esperar na fila para pegar o autógrafo, descobriu que precisava de senha, mas não havia pegado porque não sabia. Além dessa reclamação ouvi outras. Espaço insuficiente para se sentar confortavelmente ao lanchar, preços altos de comidas, bebidas e de livros de algumas editoras, distribuição modesta de marcadores, mesmo para consumidores.

Apesar de todas as reclamações, curti bastante a Bienal. Fotografei, sentei no chão, fiz pausas entre a visitação de cada pavilhão... passei todo o feriado na agradável companhia dos livros e seus amantes. Fico encantada ao ver quantas pessoas se interessam por algum tipo de livro. Mais encantada ainda fico ao ver famílias inteiras juntas em sua caça. Pensei em comprar uns dois livros apenas, por causa dos preços e da crise que aperta tanto os nossos bolsos. Mas não me contive e adquiri sete novos exemplares: 1 que custou 10 reais, 4 que custaram 20 reais cada, 1 que custou 30 reais e 1 que custou 50 reais. É uma pena que acabou o dinheiro! Pena que acabou a Bienal! Agora é hora de ler e aguardar ansiosamente pela próxima edição.


Texto inicialmente publicado como nota em minha página do Facebook em 13 de setembro de 2017.

Independência ou morte?





Ao atingir a maioridade, pensamos alcançar a independência
Mas com o tempo vemos bem que há muito por trás dessa ciência.
Não ser impedido de ir, por pais que nos limitam ou não nos entendem
Vestir, comer, assistir o que quiser, sem precisar dar satisfações
Acreditamos piamente que os dezoito nos transforma em donos de nossos próprios narizes
Mas com o tempo vemos que não é bem assim...
Ter dezoito não significa ter dinheiro para sair
Ter dinheiro não significa adquirir tudo o que queremos
Ter tudo o que queremos não significa ser feliz

Descobrimos então que não somos livres como pensávamos
Muito menos independentes como acreditávamos
Pois as despesas ainda chegam no nome de nossos pais, 
E não vivemos sem nossas coisas legais...
Celular, Internet, video-game, TV a cabo, Netflix.
Nem a roupa lavada, a cama arrumada, a comida aquecida.
E transferimos essa necessidade para coisas, vícios e pessoas
Dinheiro, poder, trabalho, etc e tal
Enquanto indivíduos achamos que somos "os tais"
Somos crianças assustadas nesse mundo de muitos ais

E somos povo e não vemos que continua a dependência
De festas, sorrisos e cerveja
Quando outro ainda depende de um olhar para continuar
Da comida para o alimentar
De uma razão para viver
Tratados e acordos, comerciais e diplomáticos
Bom senso e hospitalidade estrangeira
Dependemos da não construção de muros daqueles que pretendem se fechar
Em tempos de globalização, movimentos para o isolamento
Atrás de muros físicos, comerciais, sociais, religiosos, culturais. 

E não vemos porque não queremos
Que a nossa dependência reside na insatisfação
Que o vazio voltará a nos assombrar
Para nos lembrar de que somos imperfeitos
Para nos lembrar da plenitude momentânea
Festejada brevemente e  esquecida
Incapazes que somos de sua manutenção
Falsa sensação de estabilidade e segurança

Quando lágrimas tristes são derramadas no rosto do outro
Quando o sangue de outro é vertido por vaidade de uns
Quando o miserável reza pedindo pelo fim
Não vemos como somos dependentes de mesquinharias
E não vemos que todos os dias
Não gritamos "Independência ou morte!" 
Gritamos "Dependência e morte"
E ponto. É nossa sorte.


Texto inicialmente publicado como nota em minha página do Facebook em 5 de setembro de 2017.