Ao atingir a maioridade, pensamos alcançar a independência
Mas com o tempo vemos bem que há muito por trás dessa ciência.
Não ser impedido de ir, por pais que nos limitam ou não nos entendem
Vestir, comer, assistir o que quiser, sem precisar dar satisfações
Acreditamos piamente que os dezoito nos transforma em donos de nossos próprios narizes
Mas com o tempo vemos que não é bem assim...
Ter dezoito não significa ter dinheiro para sair
Ter dinheiro não significa adquirir tudo o que queremos
Ter tudo o que queremos não significa ser feliz
Descobrimos então que não somos livres como pensávamos
Muito menos independentes como acreditávamos
Pois as despesas ainda chegam no nome de nossos pais,
E não vivemos sem nossas coisas legais...
Celular, Internet, video-game, TV a cabo, Netflix.
Nem a roupa lavada, a cama arrumada, a comida aquecida.
E transferimos essa necessidade para coisas, vícios e pessoas
Dinheiro, poder, trabalho, etc e tal
Enquanto indivíduos achamos que somos "os tais"
Somos crianças assustadas nesse mundo de muitos ais
E somos povo e não vemos que continua a dependência
De festas, sorrisos e cerveja
Quando outro ainda depende de um olhar para continuar
Da comida para o alimentar
De uma razão para viver
Tratados e acordos, comerciais e diplomáticos
Bom senso e hospitalidade estrangeira
Dependemos da não construção de muros daqueles que pretendem se fechar
Em tempos de globalização, movimentos para o isolamento
Atrás de muros físicos, comerciais, sociais, religiosos, culturais.
E não vemos porque não queremos
Que a nossa dependência reside na insatisfação
Que o vazio voltará a nos assombrar
Para nos lembrar de que somos imperfeitos
Para nos lembrar da plenitude momentânea
Festejada brevemente e esquecida
Incapazes que somos de sua manutenção
Falsa sensação de estabilidade e segurança
Quando lágrimas tristes são derramadas no rosto do outro
Quando o sangue de outro é vertido por vaidade de uns
Quando o miserável reza pedindo pelo fim
Não vemos como somos dependentes de mesquinharias
E não vemos que todos os dias
Não gritamos "Independência ou morte!"
Gritamos "Dependência e morte"
E ponto. É nossa sorte.
Texto inicialmente publicado como nota em minha página do Facebook em 5 de setembro de 2017.
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