Ontem foi dia de comemorar junto aos pais. É certo que dia de pai (ou de mãe, que foi em maio) é todo dia. Mas neste que é dedicado a felicitar os pais, filhos entregam presentes comprados ou confeccionados, abraçam, beijam e passam um tempo com o pai. Embora eu ache que fazer tudo isso apenas uma vez por ano não é o ideal, pelo menos ainda serve para alguns desalmados lembrarem-se de seus pais... Críticas à parte, passei um dia muito bom junto de minha família, aproveitando este Dia dos Pais.
Sim, teve presente! Sim, ele gostou. Sim, teve comida boa! Sim, todos gostamos e nos divertimos, fazendo, comendo, conversando e rindo um bocado. Meu pai ficou tão feliz com o presente que nem reparou na sobremesa: pudim, seu doce favorito.
Durante todo o dia, lembrei de histórias vividas com meu pai, algumas das quais só lembro apenas do relato feito por ele. Contarei aqui, resumidamente, apenas três das muitas histórias que ouço desde pequena e nunca canso de ouvi-las.
Meu pai conta (não sei se é verdade) que quando ele me trouxe do hospital para casa, logo que nasci, ele fechou a mão e deu-me uns “cocorutos” na minha testa. Essas batidinhas (que entendo como cascudos) segundo ele foram responsáveis por deixar minha testa levemente achatada na parte esquerda. Uma variação dessa história é a queda que sofri e, segundo ele, foi responsável pela minha testa amassada. Não sei bem se aconteceu, pois ele sempre conta em meio a sorrisos, como se fossem causos do Nordeste. E eu apenas fico ouvindo, imaginando-me cair e bater com a cabeça, outrora sendo já antecipadamente corrigida por minhas travessuras.
Outra história que gosto muito de ouvir meu pai contar é a da igreja. Como minha mãe trabalhou em Copacabana antes do meu nascimento, fui batizada numa igreja católica lá. Acontece que, quando eu tinha uns dois anos, meus pais foram assistir à missa, eu com eles. Como é costume das crianças que vejo por todos os lugares onde vou, eu não parei um segundo: corri para frente da igreja, em direção à porta, para frente e para trás sem parar. Muitos fiéis, ao invés de acompanharem a missa, ficavam olhando para mim; totalmente compreensível. Até que o padre se enfezou comigo e pediu, pelo amor de Deus, para os pais da criança pegarem-na no colo e se retirar porque ela, neste caso eu, estava atrapalhando a missa. Pois é, amigos... Com dois anos fui expulsa de uma igreja por perturbação e desordem! Não quero aqui julgar o padre, mas, quando o meu pai conta essa história, fico imaginando ele correndo atrás de mim pela igreja. Para mim é engraçado, para ele não. Nunca mais meu pai foi à missa.
Gosto muito de ouvir meu pai contar a história do pacote de biscoito. Ele diz que, quando meu irmão e eu éramos pequenos, estávamos passeando por São Cristóvão, quando meu pai comprou-nos um pacote de biscoito. Não dois, UM! Ele diz que foi uma briga danada! Ora eu puxava o pacote, ora meu irmão. Gritávamos como se estivéssemos guerreando por um grande tesouro. Todos na rua olhavam para a situação. Meu pai, que não tinha na época dinheiro para comprar outro pacote de biscoitos, ficou ali, sem saber o que fazer. Até que um vendedor ambulante ofereceu-lhe um saquinho. Meu pai retirou metade dos biscoitos do pacote original e colocou no saquinho, dando um a cada um de nós. Pronto! Fim da gritaria!
Poderia contar inúmeras histórias. Sei todas de cor. Isso porque, assim como no passado, meu pai esteve presente, vivenciando conosco experiências, conversando, corrigindo, divertindo-se, educando. Meu pai transmitiu-me valiosos ensinamentos. O mais importante deles, a união da família. Estar junto, ajudar-se mutuamente, cuidar, amar. É por essas histórias, por outras antigas e recentes, que louvo a Deus pela vida do meu pai. E peço a Deus que nos conceda inúmeros e incontáveis momentos juntos para novas histórias a contar!
Amo você, pai!
Texto inicialmente publicado como nota em minha página do Facebook em 14 de agosto de 2017.
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