Numa certa família nordestina todos trabalhavam, exceto um irmão que era preguiçoso e, enquanto os outros suavam debaixo do sol forte, ele ficava lá, deitado numa rede. A mãe mandava:
- Vai trabalhar!
E ele dizia:
- Eu não! O que tiver de ser meu, vem na minha mão! - Só dizia isso. Não dizia outra coisa.
O tempo passou e, em um sonho, uma alma escolheu dar uma botija de ouro para os dois irmãos do preguiçoso. Então, sabendo a localização, os rapazes foram arrancar da terra a botija. Quando estavam bem perto de retirá-la, um dos irmãos falou assim:
- Esta danada de botija não sai, não?!?
No mesmo instante, o ouro que havia dentro da botija desapareceu. No lugar do ouro surgiram marimbondos. Com medo de serem atacados, taparam rapidamente a botija. Mas, eles não imaginavam que aqueles marimbondos eram apenas ilusão, um castigo da alma pelo xingamento pronunciado. Os irmãos tiveram, então, uma ideia: jogar a botija de marimbondo na cabeça do irmão preguiçoso. Carregaram a botija até a casa, onde o preguiçoso permanecia deitado na rede. Disseram:
- Toma, preguiçoso! Preguiçoso leva é isto mesmo!
Neste instante, a botija se quebrou e centenas de moedas de ouro caíram sobre o preguiçoso enchendo sua rede. E ele retrucou aos irmãos:
- Não falei que o que tivesse de ser meu viria na minha mão!