O Agreste Em Mim: sensível e necessário


Durante o mês de novembro, escolhi ler o livro de uma amiga muito querida. Alguém que admiro muito. O Agreste Em Mim de Rô Arruda provou ser da capa à contracapa um livro sensível, tocante e extremamente necessário, Realmente importante para qualquer pessoa que deseja estar antenada com os temas atuais e, principalmente ser mais HUMANO. 

Com 123 páginas, o livro é formado por três partes centrais Chegadas, Encontros e Confrontos, divididos em capítulos curtos. A linguagem é fácil, com destaque para os vocábulos regionais que enriquecem a obra trazendo a sonoridade característica do nordeste brasileiro. Sem falar da capa! De muito bom gosto, apresenta a imagem do solo árido, seco, rachado do agreste. Aqui o título já sugere que essa sequidão não faz parte apenas do cenário, mas do estado de espírito dos personagens da história. Destacado com uma cor mais clara há uma silhueta masculina sinalizando que um crime acontece; um homicídio. Não sei se o papel é reciclado, mas gostei muito da escolha para a edição. É agradável para a leitura e combina muito bem com a capa. 

A narrativa em primeira pessoa é inovadora para mim ao permitir as vozes de todos os personagens principais do enredo. Cada ponto de vista cria uma estrutura que contrasta com o lugar e com o título: as vozes funcionam como rios se encontrando, confluindo todos para uma mesma direção, para contar uma única história.

Na trama central temos José, nordestino, nascido em Pernambuco, precisou sair de sua terra natal para o Rio de Janeiro para fugir da perseguição de seu irmão mais velho. Rubens jurou matar José ao descobrir sua homossexualidade. Ajudado por sua mãe, irmã e por uma amiga, José foge e vai trabalhar como costureiro no Rio de Janeiro. Reconhecido por seu trabalho, fica famoso e passa a ser conhecido como Jô Salgado ao ter suas produções em destaque nos grandes desfiles de moda. Mas José vai do céu ao inferno ao passar por uma grande decepção em sua vida. Uma traição de quem não esperava; pior, de quem amava. Decide então voltar para sua terra para se recuperar das feridas físicas e emocionais. Neste retorno às origens, José se reencontra com a família, com o passado e consigo mesmo. 

Não quero estragar a leitura, por isso estou fazendo um esforço muito grande aqui para não falar mais da trama. O que posso falar é que no livro, Rô Arruda traz temas como homossexualidade, preconceito, violência contra as pessoas LGBTQIA+, conflitos familiares, descobertas, aceitação e amor próprio. Além disso, a história conta ainda com intrigas, revelações e reviravoltas que vão manter seus olhos bem fixos nas páginas até o final. Super recomendo sua leitura!

"Quando a vida resolve cobrar nosso destino, a gente se perde e se encontra" (página 21).

Um comentário:

  1. Lu, gratidão por esse carinho. Sua resenha é sensível e linda. Muito feliz ao ler os comentários de uma super leitora como você. 🙏🙏🙏

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